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Dólar Atinge Maior Cotação em Quase Quatro Anos e Meio

Proximidade de eleições presidenciais americanas influencia a força do dólar contra moedas emergentes, enquanto ausência de anúncio e detalhes do pacote de gastos penaliza o real


O dólar parece estar passando por uma nova tempestade: opera na sessão desta sexta-feira (01) em alta, e atingiu uma nova marca: o maior nível em quase quatro anos e meio, o fechamento de 13 de maio de 2020, início da pandemia da covid-19. Naquele dia, encerrou a R$ 5,900. Às 15,09, a moeda americana subia 1,13%, a R$ 5,846. Na máxima da sessão, atingiu R$ 5,852.

Lá fora, a moeda americana opera em alta de 0,20% contra moedas pares, enquanto sobe 0,76% contra o peso mexicano, 0,39% contra o rand sul-africano e 0,24% contra a lira turca, moedas que são consideradas semelhantes ao real. A divisa caminha para encerrar a semana com alta de 2,48%, e já subiu 20,48% no ano contra o real.


Mesmo com leilões de câmbio, que podem ajudar a cotação a baixar, a falta de perspectiva da divulgação do contingenciamento de recursos pelo governo e a proximidade das eleições presidenciais nos EUA continuam a pesar sobre o dólar, aponta Elson Gusmão, diretor de câmbio da corretora Ourominas. Soma-se ainda rumores de que o Irã possa realizar um ataque a Israel no final de semana. "Nesse cenário, o mercado se volta para os ativos mais seguros, como o dólar e o ouro.”

O risco fiscal continua a ser a principal preocupação dos investidores em relação ao real. Em outubro, foram divulgados diversos dados que apontam uma piora na dívida pública, que está batendo 76% do PIB, e até 80% nos piores cenários, o que não é bom para o risco país, explica Alexandre Viotto, diretor de mesa de câmbio da EQI Investimentos.


"Ainda é esperado um pacote de gastos. As falas do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e da Ministra do Planejamento, Simone Tebet, não estão tendo mais impacto no câmbio. Os investidores querem iniciativas". Além disso, aponta, ontem o fechamento da taxa de referência para o câmbio do mês, a Ptax, registrou viés de alta do dólar contra o real.

Mais cedo, foi divulgado que os Estados Unidos criaram 12 mil vagas de empregos em outubro, segundo o relatório ‘payroll’. O resultado representa uma forte queda em relação ao número revisado de 223 mil vagas abertas em setembro (o valor anterior era 254 mil), após dois meses abaixo das expectativas.

Andressa Durão, economista do ASA, aponta que as diferenças entre as pesquisas de emprego americanas divulgadas nesta semana sugerem que o payroll teria sido mais fortemente impactado pelos efeitos do furacão e da greve da Boeing. Por outro lado, as revisões para baixo do payroll nos meses anteriores, principalmente em agosto, foram grandes, e o aumento da taxa de desemprego foi via demissões não temporárias, trazendo algum risco de fraqueza adicional à economia.


"A dificuldade em mensurar os dados do mercado de trabalho nos últimos meses levará o banco central americano a manter a cautela em relação ao rumo dos juros na reunião da semana que vem. O dado de novembro, a ser divulgado antes da decisão do Fed de dezembro, deve trazer o efeito rebote, já que virá sem impacto de novos eventos climáticos relevantes e, caso seja confirmado, o fim da greve da Boeing nos próximos dias".

Como o payroll tem apresentado variações e revisões muito voláteis, o Fed deve preferir continuar olhando para a taxa de desemprego, acredita Durão. "O conjunto dos dados até aqui sugere que desacelerar o ritmo de corte de juros de 0,50 ponto percentual para 0,25 ponto percentual, como amplamente esperado, é a melhor opção para o Fed, que ganhará tempo para avaliar os próximos dados e o resultado da eleição".

 
 
 

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